27.8.14

Mais valia acertar na lotaria


In http://sometimeshere.blogs.sapo.pt/arquivo/Lotaria%20Nacional.jpg
O Malheiros escreve às terças-feiras no Público. É o (em rigor: um dos) César das Neves da extrema-esquerda que chega às páginas dos jornais. É faccioso. E moralista – como adora escorrer lições de moral aos outros que vão por ideias diferentes das dele, a quem são imputados, por adivinhação mestra, comportamentos malévolos. Talvez o Malheiros fique sossegado, no seu cantinho, a imaginar que os que são diferentes dele, por quem destila um ódio patológico, têm comportamentos que incensam a censura da sua altiva moralidade. Ontem o Malheiros sacou do coldre mais uns bitataites argumentativos. A propósito do – diz ele – ódio da “extrema-direita económica que governa o mundo ocidental” à igualdade. Para o Malheiros, a dita extrema-direita é sinónimo do neoliberalismo. É uma redução simplista que deve convir à pequena cosmovisão que navega na sua cabeça, como se confundir a árvore com a floresta fosse método aceitável para quem tantas lições de como fazer jornalismo decente prega aos novos encartados. No resto da prédica, o Malheiros dispara vários tiros sobre os “neoliberais”. Acertam todos fora do alvo. Porque o Malheiros está convencido que os “neoliberais” estão a soldo dos grandes interesses do capital. Está convencido que os grandes capitalistas são gente malvada que se compraz com a pobreza dos outros. Está convencido que os capitalistas conspiram contra os trabalhadores, que os querem submeter a uma indigência atávica. Está convencido que os horrendos capitalistas leram os clássicos do liberalismo (mas ele continua a chamar-lhes “neoliberais”), onde recolheram o catecismo que professa a desigualdade. Está, ele próprio, convencido que leu esses clássicos. Se muito, tê-los-á treslido. Pois o Malheiros não acerta uma. Dando o benefício da dúvida de que apedeuta não seja seu predicado, sobra a hipótese de o Malheiros estar a falar do que não sabe. Puxa galões à fértil imaginação (que podia fazer furor, talvez, no ramo da literatura de ficção) e esgadanha uma série de frases sobre o que ele acha que são e pensam os que ele detesta. Antes lesse, para não fazer fraca figura. Antes o Malheiros adivinhasse a lotaria, ou o euromilhões. Para depois vermos a sua pródiga generosidade em ação.

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