18.2.14

Morder, dos calcanhares ao pescoço (ou: são mais que as mães)

Davendra Banhart, "Chinese Children", in http://www.youtube.com/watch?v=ryX5vL1psSo
Os iluminados do costume a quererem dar razão ao povo – ao mesmo povo que, lá do alto da sua intelectual sobranceria, desprezam: devemos ter cuidado com os chineses. Um dia destes, somos todos chineses. Ou, pelo menos, teremos uma costela chinesa. Por afinidade, nem que seja por via da colonização dos capitais.
Ele são as lojas do franchising chinês, as tais que o povo, na sua imensa sabedoria (dita popular), assegura que estão isentas de impostos. Ele é a empresa de eletricidade que agora tem donos chineses. Ou os seguros do banco do Estado que foram trespassados ao capital chinês. E por aí fora. Com o apogeu: os chineses reproduzem-se como o povo sugere acontecer com os coelhos. De resto, os demógrafos fazem as contas: ao ritmo que deixamos de fazer bebés no ocidente, os chineses aumentam a prole e crescem por todo o mundo como rede tentacular. Por este andar, será obrigatória a reprodução com chineses/chinesas: consta que têm uma taxa de fertilidade maior – ou então não são sensíveis ao hedonismo ocidental, o ensimesmar que recusa a deixar descendência abundante, e desatam a copular até que a cópula termine em gestação.
Há uma solução. É a contrária dos chineses, que nos últimos anos penalizam os casais que sejam férteis além da medida oficial. O ocidente devia apostar: i) em políticas públicas de promoção da natalidade. (Há uns tempos, antes dos erários públicos terem descoberto que estavam quase falidos, havia a ideia de passar cheques gordos de cada vez que os nascituros vissem a luz do dia. Agora os apertos não são lagar para tamanha liberalidade.); ii) penalizar os contracetivos. A igreja seria a primeira a aplaudir; iii) e já que os tempos se converteram em públicos tribunais onde desfilam moralidades que vão e vêm com a mudança dos ventos, congeminava-se uma campanha de relações públicas da pródiga natalidade. Daquelas campanhas que usam argumentos canhestros, com uma dose salivar de coação psicológica, convencendo os que estão (e ainda estão) em idade fértil que devem deixar a sua impressão digital na demografia futura. Se não, vêm aí os chineses, ó coisa medonha, e os vindouros serão todos chineses, aparentados com chineses, ou mandados por chineses. Quem quer assumir o ónus? É desatar, ó bom povo, a copular até à gestação, pois então!
E não digam aos iluminados do costume que isto é racismo, ou xenofobia, que eles podem ficar ofendidos com a sugestão.

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