22.5.13

Santo padroeiro das almas penadas


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Roga pelas inditosas almas que erram pelos cantos lúgubres do mundo, ó santo padroeiro das almas que se penam. Sê vigilante da sua santidade, que são tantas as penitências que delas se apoderam sem que elas tenham préstimo para as enxotar para o baldio dos desperdícios.
Acende uma vela pelos padecimentos a que os mortais sem sofrimento não dão valor. Oxalá os mortais sem sofrimento não vejam um desfado cerzir-se no porvir danoso que espreita na dobra de uma encruzilhada mal-afortunada. Para os bem-aventurados não troçarem das almas que penam entre os corredores apertados onde o corpo se entrega às dores pungentes. Não te esqueças, ó santo padroeiro, de tomar conta dos possíveis desfalecimentos dos que estão prometidos à errância das almas em dissolução. Mas toma conta dos que mais contam, os que já atravessaram as dores lancinantes do vazio, da solidão excruciante, das constantes reprimendas do tempo pelos arrependimentos estéreis.
Recebe as preces dos que a ti se prometem e toma-as em devida conta. Perfuma os seus dias vindouros com compensações que repristinem o sangue vertido pelos padecimentos interiores que pareciam incessantes. Tinge de cores sumptuosas as dores que vieram de trás; se serventia não lhes falta, ao menos que purifiquem os amanhãs em espera com cores que não são as que foram vindas do tempo pretérito. Adia os cemitérios que o sofrimento dilacerante promete antes do tempo; pois não há maior sofrimento que o decesso, o adeus à existência em forma da mais covarde resignação que pode qualquer alma gentia conhecer. Embebe em tua coroa de espinhos, ó santo padroeiro que proteges os infaustos, com o sargaço que dá ao areal em forma de espantalho da vida. Faz tuas as suas lamentações, deixa que elas as deixem de sentir.
Toma as almas penadas em teu protetor regaço. Convence-as que tu és entidade com poderes limitados, que aos confrades da desdita compete o primeiro gesto que não seja de resignação perante o desvalimento que parece irrefreável. 

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