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Quer meter o físico em competições
desportivas e a prática do desporto é a prioridade em vez dos resultados? A
atividade desportiva é um ato lúdico, porque uma competição desportiva não é –
não pode ser – um teatro de guerra onde os praticantes juram vingança nas
derrotas e humilham os derrotados quando fazem o saldo dos triunfos? Respeita o
adversário por admitir que é pessoa, respeita-o porque sem ele não é possível
praticar o desporto? Respeita-o sem o deturpar, sem dele fazer o inimigo a
prostrar sob o jugo da sua proficiência atlética? Cumprimenta-o com a mesma
ausência de rancor à entrada e no final de uma competição? Seria incapaz de
montar jogos psicológicos para amedrontar o adversário? Era incapaz de se
aproveitar de uma doença do adversário para tirar proveitos desportivos? Amesendava
com um adversário? Não se adivinha a perder o apetite, ou o sono, quando a
derrota o sondar com o seu desagradável odor? Não consegue, sequer, sondar o
odor desagradável da derrota? Não perde um minuto de paciência com a
impaciência e o mau perder de colegas de equipa? Sabe o significado de
“desportivismo”?
Se estas interrogações causam
estranheza, e se a elas todas o sim foi resposta, não afie a pontaria para o
desporto contemporâneo. As desilusões serão o legado a cair-lhe no regaço. Pois
hoje o desportivismo foi diluído do desporto. Ele é na alta competição, onde os
fins açambarcam os meios, onde o fanatismo faz confundir desporto com religião.
Ele é até nas competições a feijões, com inadvertidos atletas que, ufanos,
confessam que nem a feijões gostam de (e sabem) perder.
Este é um mundo em que há lugares difíceis.
Quando as frustrações da pertença a este mundo, ou os desenganos dos frustes,
sobem à tona, o desporto é expediente para se fazer de conta que é aquilo que
se não consegue ser quando o cinzento quotidiano arfa ao pescoço. Não são
atletas, nem apoiantes; são todos doentes. Se respondeu “sim” às perguntas
arroladas, fuja das competições desportivas.
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