8.10.12

Uma bandeira marota (ou a alegoria tardia de uma terra coitada)


In http://www.tvi24.iol.pt/multimedia/oratvi/multimedia/imagem/id/13671551/660x495
Palavra de honra que fiquei comovido: no congresso das alternativas de-não-sei-o-quê (parece era da “democracia”, mas não tenho a certeza se grande parte da malta que lá foi é mesmo democrática), uns discursos exaltados contra o presidente da república que, distraído ou ignorante, hasteou a bandeira pátria ao contrário. Pela primeira vez na história da já centenária república, a bandeira da dita era verde primeiro e só depois vermelha. O ultraje decretado em gritaria lá no congresso das alternativas-qualquer-coisa nem fazia sentido. Assim como assim, o verde aparecia em primeiro lugar. Ora não é o verde a cor da esperança? E se há algo que precisamos que nos injetem em dose maciça, é esperança. A extrema-esquerda caviar devia aplaudir Cavaco. A menos que isto tenha sido uma cilada. A extrema-esquerda caviar precisava de palco no dia em que se reunia nesse congresso que queria ser uma grande federação das esquerdas todas (mas os camaradas mandaram-nos dar uma volta, e só a fação radical dos socialistas é que apareceu). Tenho para mim que foram dadas instruções ao funcionário camarário responsável por aquela parte do protocolo da liturgia da república. Esse funcionário, simpatizante da extrema-esquerda caviar, pôs a bandeira ao contrário. Confiou na falta de jeito/inépcia/ignorância/senilidade (o/a leitor/a escolha a opção do seu agrado) de Cavaco e pregou-lhe uma partida (porque uma daquelas opções, se não algumas ou mesmo todas, aconteceriam). E agora uma pergunta para desanuviar: faz sentido todo o banzé? Alguns argonautas das extremas-esquerdas descobriram que hastear a bandeira ao contrário é o símbolo do país às avessas (por causa da crise, da troika, da austeridade e de um governo testa-de-ferro da troika). Chegaram tarde à realidade. Esse país, de que são inesperados tutores do nacionalismo, já está às avessas muito antes da crise e da troika e deste governo poltrão. Isto mais parece um fait divers próprio de agosto (quando chega o nonsense). Se a bandeira tivesse sido hasteada ao contrário por um esquerdista, o palco seria dos ofendidos à direita. Nada de novo, portanto.

Sem comentários: