26.7.12

É proibido ser de direita (um dia destes)


In http://img.photobucket.com/albums/v85/jumento/006/Direita-1.jpg
Aos gentios que tenham o atrevimento de ser de “direita” (assim mesmo, entre aspas, para contrariar a malta das esquerdas habituada às categorias homogéneas, arrumando todas as direitas – e são tantas e variadas – numa só gaveta): precatem-se. Se tiverem o topete de habitar na casa nefanda a que se convencionou alcunhar "neoliberalismo", cuidem-se. Que o senador-mor da república, o venerando que foi presidente em dois mandatos e queria ter outro mais, não tivesse a maioria dos eleitores a insolência de escolher um concorrente, há dias bolçou ameaça: se a Europa implodir por não saber sair desta crise, devem estes líderes sequazes, teimosos no "neoliberalismo" assassino, sentar o cóccix em Haia. No tribunal internacional penal. Acusação: crimes contra a humanidade.
Haja motivos circenses para alegrar os cidadãos, que estes são tempos tão árduos. E já que os jornalistas boicotam a vetusta personagem ao cozinharem notícias sobre os costumeiros disparates que se lhe soltam da boca em jeito de incontinência verbal (quando o melhor favor que fariam ao senador-mor da república era o silêncio sobre a sua prosa falada), insistem em pô-lo na ribalta pelas patéticas razões abundantemente documentadas.
Não fosse a patusca personagem estar xexé e quem não atinge a lucidez para ser de uma esquerda qualquer, devia meter a preocupação de molho. Imagino os corredores mentais do que gostaria de ser o novo Torquemada, não andassem já arredias as faculdades mentais e físicas. Os néscios das direitas (porventura com a exceção da fação democrata-cristã, devido à intermediação da consorte do senador) a converterem-se a uma das fações esquerdistas autorizadas. Ou condenados à clandestinidade, enquanto a força bruta da polícia não lhes deitasse a mão a caminho dos calabouços. Depois, julgamentos exemplares à espera. Nós, acusados do maior pecado de todos (“neoliberalismo”, ou lá o que é), encostados à parede por termos pisado as trevas ideológicas.
Talvez não fosse má ideia desatar um rosário de proibições: primeiro, os eleitores de direita; depois, os partidos de direita de irem a eleições; no fim de tudo, a ilegalização destes partidos. Então, o senador-mor da república podia fechar os olhos descansado.

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