26.7.11

Outro naco de pessimismo antropológico


In http://www.horusweb.net/2011/07/fotos-video-atentado-na-noruega.html
Dão que pensar, os atentados terroristas na Noruega? O terror que liquida inocentes não merece dois segundos de uma reflexão, a não ser para repudiar tamanha estupidez em dose cavalar.
Nestas ocasiões, há sempre quem procure amanhar duas explicações que justificam (mas não legitimam) a covarde barbárie. Há sempre uma explicação que leva a perceber (mas não a legitimar) o acto de terror, que assim perde adjectivação. Sociólogos, psicólogos, antropólogos e um cortejo de servidores de ideologias nas franjas dos perpetradores do terrorismo chegam-se à frente no acto expiatório. Tão terroristas são os actores materiais como os porta-vozes que depois aparecem a requisitar complacência com os fazedores do terror. Com uma agravante: aqueles cometem a indignidade de nem sequer respeitarem a memória dos inocentes cujas vidas foram ceifadas pela cegueira dos covardes terroristas.
Nestes atentados na Noruega, a perplexidade vem do número de vítimas causado por um único terrorista. E tudo o que entretanto se soube acerca da doentia personalidade do homem, dos filmes exibicionistas que legou à posteridade, da autoria do manual de auto-doutrinação política carregado de deploráveis ideias extremistas. Do que foi dado a conhecer da “obra” deixada pelo terrorista, o maior embaraço é perceber que ali está um homem inteligente. O mal é quando a inteligência é serventuária dos piores propósitos. É um cocktail explosivo.
Depois temos direito à espessura das análises de especialistas e de outros que passeiam o seu apedeutismo escondido na pose catedrática. Como o demente confessou os seus ódios de estimação (o “marxismo cultural”, o multiculturalismo que tem vindo a islamizar o ocidente), logo saltaram os argumentários de alguma direita perigosamente próxima da extrema-direita a tentar atenuar a barbárie e de outros que aproveitaram para, de forma obscena, puxarem lustro ao ofendido marxismo por onde transitam.
E eu digo que já chega termos sido espectadores da barbárie que destila demência em estado puro. Os abutres que agora andam em contramão, ora a justificar, ora a capitalizar em proveito da ideologia atacada, podiam-nos poupar ao triste espectáculo. O momento é penhor do silêncio do luto antropológico.

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